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Mostrando postagens de abril, 2010

O reino do impossível pertence aos fracos...

É comum escutar de pessoas diversas com as quais convivemos que foi "impossível" concretizar uma ação, lutar por seus sonhos, conquistar algumas vitórias, superar os problemas ou mesmo agir diante de uma situação inesperada. Por exemplo, tenho alunos que costumam sempre encontrar desculpas para tarefas não realizadas, avaliações em que foram mal (normalmente atribuindo a outros fatores e pessoas, como os próprios professores, os seus resultados ruins) ou ainda para atrasos, ausências, desistências... Costumo lhes dizer que o reino do impossível pertence aos fracos e que, as dificuldades e problemas que surgem ao longo do caminho, ao invés de nos afastar de nossos objetivos deve, pelo contrário, nos fazer mais fortes, resolutos e determinados na busca de tais vitórias.   Penso que os desafios e a elevação do nível de dificuldade servem para mim como fator de maior motivação, como real provocação para que demonstre ainda mais minha capacidade de resolver tais questões. Isso que

As origens da Globalização

O fenômeno da globalização é pensado como produto de nosso tempo. Este acontecimento se relaciona, na idéias de muitos, como resultado do mundo que surgiu depois da Queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, das animosidades entre capitalismo e socialismo, do embate entre os Estados Unidos e a finada União Soviética. Será mesmo? Há certamente, correntes discordantes (entre os quais me incluo), que procuram perceber tal fato, logicamente diferenciado do movimento atual por características e circunstâncias técnicas e contextuais, como tendo surgido em diferentes períodos da história. A mais corrente defesa entre estes grupos relaciona-se a idéia da expansão marítima européia dos séculos XV e XVI, que levou os europeus a Índia e ao oriente pela rota africana e os trouxe as Américas, como o movimento que desencadeou a onda globalizadora, aprofundada algum tempo depois pelas conquistas e necessidades do capitalismo industrial. Prefiro olhar mais para trás no tempo e no espaço e vislumb

Cinema na Escola - Entrevista na íntegra

Apresento a seguir a entrevista concedida no mês de março de 2010, ao Jornal Tribuna do Planalto, na íntegra, para conhecimento de todos. 1- O senhor é o autor do livro “Na sala de aula com a sétima arte”. Como foi a pesquisa para produzi-lo? JL - Utilizo filmes em sala de aula desde que comecei a trabalhar em educação, há aproximadamente 25 anos. Esta ação pedagógica com filmes relaciona-se ao encantamento que desde muito cedo tive pelo cinema e a constatação de que utilizando-se destes referenciais eu mesmo havia aprendido muitas coisas. Por isso mesmo pensei que seria possível utilizar filmes ou trechos deles como recurso que viesse a auxiliar o aprendizado de meus alunos, passando a utilizá-los com freqüência e, ao mesmo tempo, definindo parâmetros e bases de trabalho que os tornassem referências úteis, capazes de promover debates, reflexões e, sempre, produções por parte dos alunos. Além das experiências, procurei sempre ler muito sobre cinema, filmes e outros trabalhos que relaci

Ser criança em tempos de tecnologia...

Concedi esta entrevista sobre Crianças e Tecnologia a alunos da PUC-RS e a destaco, também no Escolhendo a Pílula Vermelha, para que outras pessoas tenham acesso a este tão importante e pertinente tema colocado em discussão e já abordado por mim em outros artigos (cujos links apresento ao final da entrevista). 1- Quais as principais diferenças que podem ser percebidas no brincar de algumas décadas atrás e no “brincar tecnológico” dos dias de hoje? JL – Essa recordação às vezes parece saudosismo aos olhos da atual geração, que não viveu dentro desta realidade, mas há 20, 30 ou 40 anos atrás as crianças brincavam em casa quando chovia ou quando algum impedimento de outra natureza impedia que elas saíssem para encontrar seus amigos (como alguma doença, por exemplo). Na maior parte do tempo estavam na vizinhança, correndo pelas ruas, brincando de pega-pega, esconde-esconde, cabra-cega, jogando pião, empinando pipa, batendo bafinho com figurinhas, brincando de casinha e bonecas ou jogando b

Álbum de figurinhas da Copa...

Ano de Copa do Mundo. Discussões sobre quem deve ser convocado. Jogadores que aparecem, literalmente, "no apagar das luzes" e provocam dor de cabeça no treinador da seleção. Analistas na televisão se perguntando quem é favorito ou pode surpreender e chegar a taça. Ansiedade quanto a lista dos brasileiros que irão defender a amarelinha, sempre bem cotada, mesmo quando seu elenco não é tão badalado. Propagandas na televisão e pessoas se organizando para ver os jogos em casa ou no trabalho. E, para completar, é claro, quase como uma tradição desde a copa de 1982 (pelo que eu me lembre), os álbuns de figurinhas com os craques (e os cabeças de bagre também) de cada seleção nacional classificada para o evento. E o que a princípio parecia coisa de criança ou, no máximo, de adolescentes, tornou-se concorrida brincadeira também entre os adultos. Há homens e garotos envolvidos na busca pelos cromos que podem lhes ajudar a completar as páginas e páginas de seus álbuns. E realmente é uma

Precisamos de mais contato com a natureza e a com as pessoas...

Veja - Avatar valoriza experiências sensoriais como entrar em uma floresta cheia de flores coloridas ou sentir a terra sob os pés nus. A humanidade esqueceu como apreciar estas sensações? James Cameron - Sim. As pessoas estão se afastando não apenas da natureza, mas do contato humano. Os jovens têm suas interações sociais on-line, em vez de pessoalmente. As aventuras acontecem em jogos de computador, não mais fora de casa. A interação com a realidade, com outras pessoas está diminuindo. A tecnologia permite isso. (Trecho da entrevista de James Cameron, cineasta norte-americano responsável por filmes como Avatar, Titanic, Aliens e Exterminador do Futuro, a Revista Veja, ed. 2160, 14/04/2010) Cameron é um cineasta consagrado, responsável por filmes que estão entre as maiores bilheterias de todos os tempos e que, além disso, consegue sucesso não só de público, mas também respeito da crítica. Além de dirigir filmes, este ex-caminhoneiro, também escreveu seus roteiros e é responsável por in

Quem quer ser um milionário (Slumdog Millionaire, 2008)

Ainda bem que a criatividade e a inteligência não tem nacionalidade. Tentaram durante muito tempo "vender" essa idéia, ou melhor, literalmente, queriam nos fazer engolir a tese que dava para norte-americanos e europeus a primazia do grande cinema, aquele que merece bilheterias e reconhecimento de público e crítica, especialmente a escola hollywoodiana.  Efeito colateral da globalização, não previsto pelos seus principais articuladores (se é que há alguém capaz de pensar e fomentar um movimento como esse), a abertura dos mercados têm permitido, num efeito comparável a mercadológica Cauda Longa (ou nele incluído), a cultura mais maleável e aberta a influências que vem de outras partes do mundo, deslocando-se daquele centro exclusivista e monopolista controlado pelos EUA e nações ocidentais européias. Não há ranço nessa minha colocação, pelo contrário, nunca deixei de admirar os belos e importantes trabalhos culturais provenientes do Velho Mundo e da terra do Tio Sam. Mas que a

Quem quer ser um milionário (Slumdog Millionaire, 2008)

Ainda bem que a criatividade e a inteligência não tem nacionalidade. Tentaram durante muito tempo "vender" essa idéia, ou melhor, literalmente, queriam nos fazer engolir a tese que dava para norte-americanos e europeus a primazia do grande cinema, aquele que merece bilheterias e reconhecimento de público e crítica, especialmente a escola hollywoodiana.  Efeito colateral da globalização, não previsto pelos seus principais articuladores (se é que há alguém capaz de pensar e fomentar um movimento como esse), a abertura dos mercados têm permitido, num efeito comparável a mercadológica Cauda Longa (ou nele incluído), a cultura mais maleável e aberta a influências que vem de outras partes do mundo, deslocando-se daquele centro exclusivista e monopolista controlado pelos EUA e nações ocidentais européias. Não há ranço nessa minha colocação, pelo contrário, nunca deixei de admirar os belos e importantes trabalhos culturais provenientes do Velho Mundo e da terra do Tio Sam. Mas que a

Saudade

Palavra da língua portuguesa que inexiste em outros idiomas, conforme ouvi de alguns colegas professores, saudade caracteriza bem o sentimento que herdamos dos colonizadores lusos e que dá uma idéia bem clara do que sentiam quando atravessavam o mar oceano se deslocando para estas paragens quando por aqui existia apenas uma natureza exuberante, verde, fascinante povoada por índios de tribos diversas. Palavra essa que foi igualmente adotada pelos negros cativos, escravos africanos, no seu banzo (expressão da saudade) que nos trazia o lamento, a solidão, a distância da mãe África, de suas tribos, de seus rituais, de seus amores, de suas famílias, de sua liberdade... Palavra que passou a ser compreendida e utilizada até mesmo pelos índios que aqui viviam e que, com a chegada dos portugueses, descobriram o que é ausência, a perda, a dor de viver sem o chão onde por tanto tempo plantaram sua mandioca, seu milho, seus filhos e toda sua existência, deslocados que foram, pelas contingências e

Chuvas, aquecimento global e planejamento urbano

  São Luís do Paraitinga, interior de São Paulo, afetada pelas chuvas no início do ano de 2010. Os dramas e as tragédias vividas em São Paulo, São Luís do Paraitinga e Angra dos Reis (entre outras) no início deste ano se repetem, com intensidade, nestes últimos dias no Rio de Janeiro e cidades vizinhas e interioranas daquele estado. Já foram computadas mais de 100 vítimas fatais. A quantidade de desabrigados está na casa dos milhares. Enconstas de morros novamente foram levadas pela força das chuvas e, com elas, imóveis instalados de forma provisória e imprópria. O comércio praticamente parou. As ruas ficaram desertas. As pessoas que se aventuraram ficaram ilhadas ou presas em seus veículos, correndo risco de vida. Eventos esportivos foram adiados (o Maracanã e o Maracanãzinho, que alojariam partidas de futebol e vôlei, ficaram alagados). As imagens repetidas à exaustão na televisão nos mostraram a Cidade Maravilhosa em estado de alerta. Autoridades municipais, estaduais e até mesmo f

Rio Congelado (Frozen River, EUA/2008)

Rio Congelado é um daqueles filmes que não teve muita divulgação, não conta com elenco conhecido (nem ao menos algum coadjuvante que estejamos acostumados a ver nas grandes produções de Hollywood), passou rapidamente pelos cinemas mas que, ainda assim, conquistou projeção internacional ao ser indicado a prêmios importantes, como a 2 categorias do Oscar. A história, como o próprio título nos diz, se passa numa região bastante fria dos Estados Unidos, na fronteira com o Canadá, onde os rios congelam no inverno. Os protagonistas são pessoas pobres, desprovidas daquela aura de primeiro mundo que nos é vendida pelas produções dos grandes estúdios para o cinema e a TV. Temos, logo no início, uma amostra daquilo que é a realidade de milhares de norte-americanos, ainda mais depois da crise econômica ocorrida em virtude da especulação imobiliária naquele país: Uma família em frangalhos em virtude da debandada do pai, com as economias acumuladas meses a fio, para jogar nos cassinos de Atlantic