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Mostrando postagens de janeiro, 2010

Sonhos de Einstein: Quando a ciência e a filosofia dialogam

“É impossível caminhar por uma avenida, conversar com um amigo, entrar em um edifício, relaxar sob os arcos de arenito de uma velha arcada, sem ver um instrumento de medição do tempo. O tempo é visível em todos os lugares. Torres de relógio, relógios de pulso, sinos de igrejas dividem os anos em meses, os meses em dias, os dias em horas, as horas em segundos, cada incremento de tempo marchando atrás de outro em perfeita sucessão. E, além de qualquer relógio específico, uma vasta plataforma de tempo, que se estende por todo o universo, estabelece a lei do tempo igualmente para todos. Neste mundo, um segundo é um segundo é um segundo. O tempo avança com exuberante regularidade, com exatamente a mesma velocidade em todos os cantos do espaço. O tempo é soberano infinito. O tempo é absoluto”. Estamos em 1905. O jovem Albert, um recém-formado estudante, trabalha dentro de uma rotina simples, sem grandes auspícios, como funcionário de 3ª graduação num escritório de patentes. Seu cotidiano de

Um garoto chamado Rorbeto: Pensador com alma e graça de criança...

Há pouco tempo atrás tive a oportunidade de conhecer Gabriel o Pensador, num evento literário organizado na escola onde estudam meus filhos e trabalha minha esposa. Preocupados com a notoriedade do visitante ilustre, as mantenedoras da instituição procuraram não fazer muita divulgação do evento. Temiam que a simples presença de um dos mais conhecidos nomes da nova geração de músicos brasileiros pudesse causar tumultos nas redondezas da escola. Gabriel não tinha vindo para cantar ou para falar de sua obra musical. Viera como autor de livros infantis em sua primeira e já celebrada incursão pelo mundo das letras devotadas aos pequenos. Diga-se de passagem que já é possível celebrar um novo êxito do cantor e compositor nessa sua nova área de atuação. Seu primogênito livro infantil já abocanhou o mais celebrado prêmio da literatura nacional, o Jabuti. Premiação essa muito justa tendo em vista o teor da história contada pelo Pensador em “ Um garoto chamado Rorbeto ”. Apesar de manter a neces

Toda Mafalda: Quadrinhos críticos, charmosos e engraçados

Mafalda é um dos personagens mais ricos e interessantes das histórias em quadrinhos. Desconhecida da atual geração de leitores, essa menininha argentina e toda a sua turma foram criadas, nos anos 1960, por Quino, quadrinista portenho famoso em todo o mundo. O contexto em que foi criada explica, em parte, uma das peculiaridades dessa impressionante coleção de tiras publicadas em jornais e que foram editadas em vários livros, inclusive numa coletânea conhecida como “Toda Mafalda”. Filhos da contracultura, de uma época de rebeldia e crítica, de busca incessante pela autonomia e também de posicionamentos políticos idealistas em favor de alternativas viáveis ao capitalismo, Mafalda e os demais personagens de Quino carregam em suas histórias todo o inconformismo daquela geração de pessoas. Se não bastasse isso, toda a turma da Mafalda nasceu na Argentina, país vizinho em relação ao qual cultivamos certas rivalidades, mas que certamente possui uma população culturalmente bem formada, polit

Poemas para Brincar: Palavras que se transformam em brinquedos

“Se este mundo fosse meu, eu fazia tantas mudanças que ele seria um paraíso de bichos, plantas e crianças” Poucos professores se preocupam realmente em transformar a sala de aula num grande espaço lúdico, de aprendizado prazeroso, de crescimento generoso e salutar. Parecem preferir a imagem da prisão com as portas fechadas, os alunos acorrentados às carteiras e onde as pedras para quebrar foram transformadas em infindáveis e pouco significativas atividades. As paredes em cores neutras e as persianas ou cortinas sonsas que procuram evitar que a luz do sol entre no ambiente complementam essa visão de pesadelo que muitas crianças têm em relação às escolas que freqüentam. Para piorar ainda mais as coisas há professores que teimam em “castigar” seus alunos dando a eles leituras que distanciam os alunos das delícias e sabores próprios das letras. Os aspectos lúdicos das leituras se perdem e também as possibilidades de que desse fortuito e necessário encontro se consolide como uma relação dur

Palestina – Uma Nação Ocupada: Tragédias traduzidas para quadrinhos

Quantas pessoas já se deram conta da forma como as informações nos são apresentadas através da imprensa? Quem entre nós consegue perceber com clareza que as notícias que são destaque em jornais diários e noticiários televisivos são apenas recortes, selecionados de acordo com critérios pessoais ou políticos? Vivendo no Ocidente, raramente percebemos a enorme influência dos Estados Unidos sobre nossas vidas. Não conseguimos dissociar nossas escolhas e preferências de modelos ou parâmetros que são, em grande parte dos casos, definidas a partir da ação do Tio Sam e de seus agentes (comerciais, industriais, culturais, econômicos,...). A esfera de influência dos norte-americanos é tão grande que é definidora, por exemplo, das pautas discutidas nas redações dos grandes jornais do Brasil e de praticamente todos os países do mundo ocidental que possuem um estreito contato cultural com os ianques. Por conta desse intercâmbio tão desigual (há muitas informações vindo de lá e poucas indo na direçã

Pais Brilhantes, Professores Fascinantes

"Se você conseguir fazer seus filhos sonharem, terá um tesouro que muitos reis procuraram e não conquistaram". Muitas pessoas criticam os livros de auto-ajuda. Apesar disso, eles continuam no topo das listas de livros mais vendidos no Brasil há muito tempo. Autores especializados nesse tipo de obra conseguiram se tornar gurus de muita gente. Auxiliam as pessoas a cuidar de sua forma física; prometem melhorar as relações entre familiares; ensinam como combater o stress e o desgaste provocado pela rotina alucinante da vida das pessoas; querem criar ambientes melhores no trabalho; procuram, em suma, promover mudanças simples na vida das pessoas que lhes permitam se sentir melhor em seu cotidiano. Se as obras conseguem modificar a vida das pessoas? Depende essencialmente da forma como as pessoas se dispõem a encarar as sugestões e orientações dadas pelos autores. Há leitores que colocam o livro na cabeceira de suas camas e os consultam diariamente. Memorizam diversos "ensina

Os Simpsons e a Filosofia: Aristóteles, Nietzsche e Kant visitam Springfield

Os intelectuais costumam torcer o nariz para a televisão e suas principais representações. Alegam que a produção cultural televisiva de qualidade se restringe a canais abertos como os canais educativos estatais (com destaque todo especial para a TV Cultura), a determinados programas dos outros canais (como minisséries baseadas em clássicos da literatura, alguns talk-shows ou noticiários) e aos canais da televisão paga onde há uma grande profusão de documentários (Discovery Channel, National Geographic Channel, BBC, Animal Planet,...). Seriados norte-americanos e novelas brasileiras ganham vulto e destaque na mídia especializada no gênero, mas dificilmente conseguem vencer a dura resistência do mundo acadêmico. É verdade que as barreiras tem sido derrubadas aos poucos, como um autêntico ‘Muro de Berlim’ quebrado pedaço a pedaço. Análises da influência cultural de determinados programas brasileiros e estrangeiros têm surgido no mercado editorial e, para nossa grata surpresa, assinados

Olga: Viver e morrer por nossos ideais

Tive a oportunidade e o prazer de conhecer uma verdadeira lenda viva da história brasileira, Luís Carlos Prestes. Ele já tinha uns 90 anos de idade e foi convidado a dar uma palestra na universidade em que me formei no final dos anos 1980. Como eu compunha o grupo das lideranças estudantis daquela gestão, pude receber o “cavaleiro da esperança” com meus companheiros antes do início de sua apresentação. Pode-se não gostar do que Prestes representou para a história de nosso país, mas não se pode negar a sua presença marcante nesse cenário ao longo de todo o século XX. Liderando os tenentes na década de 1920, mobilizando os comunistas e a Aliança Nacional Libertadora em 1935, representando a oposição política mais perseguida nos anos posteriores, tendo que partir para o exílio durante a ditadura militar e regressando depois da abertura política. Prestes se tornou, com todo esse envolvimento na política nacional brasileira do século passado, referência obrigatória para qualquer estudioso d

O Mundo de Sofia

Que mundo é esse no qual podemos encontrar Sofia? Um mundo onde, ao lado dessa personagem tão envolvente, podemos encontrar personalidades marcantes da história do pensamento mundial (mais especificamente ocidental) como Aristóteles, Santo Agostinho, Descartes, Kant, Marx ou Nietzche. Um espaço onde podemos acompanhar discussões (travadas entre os personagens) através das quais entramos em contato com importantes teorias defendidas por alguns dos maiores filósofos de todos os tempos; e, constatar que aprender filosofia pode ser interessante, instigante e muito mais fácil do que a maioria das pessoas acredita. Uma história na qual nos envolvemos como autênticas sombras da personagem central e parecemos estar acompanhando cada passo, resolução, ação e pensamento da mesma. Ao nos envolvermos de tal forma com a trama, embarcamos em reflexões contínuas sobre filosofia, cobrindo pensadores e suas produções desde o surgimento do pensamento filosófico e a superação da mitologia até os pensador

O que Einstein disse a seu cozinheiro: Aprendendo ciências na cozinha

Por que o chocolate derrete na boca? Você sabia que nem todo o álcool evapora quando se cozinha com vinho ou cerveja? Como se descafeína o café? Por que nada gruda em frigideiras antiaderentes? O que se pode fazer com óleo usado? Por que não se deve pôr metal no microondas? Como é feito o vinagre? Quantas não são as questões relativas ao cotidiano da cozinha que podem nos auxiliar a entender melhor a ciência? As perguntas apresentadas no início desse artigo fazem parte de um conjunto muito maior de questões que compõem o livro O que  Einstein disse a seu cozinheiro , do professor de química da Universidade de Pittsburgh, Robert L. Wolke. Diga-se de passagem que a melhor e mais interessante forma de se aprender alguma coisa está relacionada de forma direta a contextualização do ensinamento e das informações com as quais estamos lidando. Quanto maior for a proximidade entre os estudantes e as questões que estão sendo discutidas, serão mais prováveis os êxitos quanto à aprendizagem de con