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Mostrando postagens de abril, 2012

Os Cem anos de Mazzaropi, o Jeca do Cinema Brasileiro

Durante um certo tempo as pessoas tiveram um certo receio de revelar sua origem caipira, interiorana. Tinham vergonha do “r” bem puxado pronunciado em praticamente todo o interior de São Paulo. Marca registrada de um povo que vivia da forma simples, próximo a terra, plantando café, cana, laranja ou fazendo surgir as primeiras indústrias, as grandes ferrovias, as importantes e prósperas cidades paulistas que fizeram o Brasil crescer como nunca.  Mazzaropi era um desses paulistas do interior. Caipira que abriu portas, realizou grandes negócios, promoveu a sétima arte nacional e, sempre teve orgulho de se afirmar interiorano de Taubaté (apesar de ter nascido na cidade de São Paulo, firmou raízes na cidade de Taubaté, onde fundou a PAN Filmes e realizou a maior parte de suas produções cinematográficas). Conheço algumas histórias das filmagens de Mazzaropi por morar e ser originário da igualmente caipira e interiorana Caçapava (vizinha de Taubaté e de São José dos Campos). Meus pai

Bananas atiradas contra Neymar: O preconceito ainda em campo

Bananas foram atiradas em Neymar em partida do Santos pela Libertadores da América. O jogo aconteceu na Bolívia, país em que a maioria da população tem ascendência mestiça. Além de bananas também jogaram pedras e laranjas. Todas agressões covardes de pessoas que se escondem no meio da multidão e que acabam atentando contra seu time, suas origens, seu próprio país e, acima de tudo, contra a dignidade humana. A discriminação contida na banana é tão ou até mais ofensiva que a violência impetrada com tal ato. E vai contra tudo que o esporte, seja o futebol ou qualquer outro, traz para as pessoas. O esporte celebra a disputa mas há regras, espera-se civilidade, disciplina e respeito pelos adversários, que são apenas oponentes no campo de jogo e não combatentes enfrentados numa frente de batalha, numa guerra. Ações de discriminação e preconceito contra atletas brasileiros, argentinos, uruguaios, paraguaios, colombianos e latinos em geral que atuam na Europa são inaceitáveis e de

Messi em minha aula de filosofia

O tema era racionalismo. Iríamos estudar o cartesianismo em nossas aulas de filosofia. Precisávamos entrar no universo intelectual do pensador René Descartes. Estávamos quase no meio do curso de filosofia para alunos do 1º ano do ensino médio. Eram 9 turmas com cerca de 40 alunos em cada. E para fazer com que se interessassem por filosofia era preciso aproximar o máximo possível da realidade dos estudantes os temas trabalhados por diferentes filósofos. Por isso em cada aula trazíamos uma novidade que pudesse lhes fazer entender e se interessar, de fato, por toda a sabedoria daqueles grandes pensadores. Já havia levado charges, quadrinhos, imagens, pinturas, trechos de vídeos, poesias e outros recursos para as aulas que, adicionados as teorias de diferentes filósofos, as fizeram palatáveis e compreensíveis para estes adolescentes, em plena ebulição desta faixa etária, num universo tão diferenciado quanto este do século XXI, com tanta tecnologia ao redor. De qualquer forma,

A Copa do Mundo em que todos são vencedores

Quem foi o último campeão do mundo de futebol? Qualquer pessoa bem informada se apressará a responder que a Espanha foi a vencedora no torneio realizado na África do Sul, em 2010. Mas se a resposta dada for Escócia, todos irão se surpreender, tendo em vista que este país nem mesmo se classificou nas eliminatórias europeias para a última Copa do Mundo FIFA. Talvez falte localizar um pouco melhor a respeito de qual torneio estamos falando para que fique mais claro...  A Escócia foi campeã mundial de futebol no ano de 2011, em torneio organizado e realizado na França, com sede única em Paris. Esta competição se chama Copa do Mundo dos Sem-Teto (ou dos desabrigados) e, apesar dos escoceses terem vencido o México na final e o Brasil ter ficado em terceiro lugar, o que se pode dizer, de fato, é que neste evento esportivo, todos são vencedores. Afinal de contas, acima até mesmo dos mais honrados e gloriosos méritos relacionados ao esporte (saúde, trabalho em equipe, planejamento, or

Camisa de força

A camisa de força imobiliza... o manifestante que grita pela paz, o estudante que pede melhor educação, o doente que clama por remédio contra sua dor, seus corpos ficam inertes, mas suas vozes persistem... Há camisas de força que calam, sem que se perceba, sem que se sinta,  sem que se imobilize, São sutis, sorrateiras e vis, estão aqui, ali, acolá, pensamos saber e ainda assim ficamos submissos... Estas camisas de força não se aplicam a nossos corpos, não paralisam os membros, são invisíveis, sutis e sorrateiras... Estão por todos os lados, a interagir com todos e com cada um, silenciam o cérebro, causam torpor, dão a impressão de normalidade... Não há nós, laços e braços a nos conter, Há ladainhas e repetições, versos a serem decorados, memorizados e vividos... sem reflexão... Estas camisas de força são tão poderosas que não as vemos ou sentimos, de suas amarras e nós  não conseguimos nos desatar mesmo

O dia em que fiquei feliz ao ouvir que não confiavam em mim!

Certa vez escutei de um de meus chefes a seguinte consideração a meu respeito: "Não confio em você!" Tomei como elogio. Pode parecer estranho, mas é preciso entender a conversa a partir de pormenores que não aparecem nesta frase. Por exemplo, o complemento desta afirmação foi no sentido de esclarecer que esta desconfiança existia porque eu seria uma pessoa muito honesta, até um pouco cândido (ou ingênuo), de seu ponto de vista. A afirmação se relacionava a necessidade profissional existente na época que se relacionava a atuação em negociações com poderosos manda-chuvas que poderiam (ou não) contratar serviços ou produtos que vendíamos. É preciso ter um jogo de corpo que realmente não tenho. É claro que é possível se adaptar e aprender, como em tudo na vida. Mas não sei se gostaria de jogar assim, dentro de regras que por vezes poderiam chocar-se com meus princípios e ética. Creio que por isso considerei um elogio e, ao mesmo tempo, ali percebi que já me conhe

Aniversário de Caçapava - SP

Caçapava, a Cidade Simpatia completa hoje 157 anos.   Meus parabéns, A Taiada,  A terra do Jequitibá,  Onde fica a Serra do Palmital,  Localizada entre São José dos Campos e Taubaté,  Com sua bela Praça da Bandeira onde há até um exemplar raro da árvore que deu nome ao nosso país, Cidade de onde foram enviados pracinhas para a Segunda Guerra Mundial,  Que está a retomar o projeto do Museu do Automóvel (que tantas boas memórias e saudades deixou),  Da Igreja Matriz de São João Batista, uma das mais bonitas da região,  Do mercado municipal e de sua breganha, ou berganha, a feira onde tudo se troca,  Do convite de enterro no poste, do seu bolinho junino e da farofa de içá,  E o desejo de que o amanhã em Caçapava seja terra...  de prosperidade, trabalho e oportunidade,  de responsabilidade, lisura e honestidade em sua administração,  de respeito pelo cidadão e por tudo o que compõe o município,  de entendimento entre as pessoas que ali moram,  d

A História do Café

De acordo com o Manual Enciclopédico do Café, o Japão foi um dos países que mais resistiu à entrada dessa estimulante bebida entre seus hábitos regulares. Tradicionalmente adeptos dos chás (o chá verde é a bebida nacional japonesa há aproximadamente mil anos), foi apenas entre os séculos XIX e XX que o café conseguiu conquistar algum espaço entre os nipônicos. Quando surgiu enquanto alimento, os frutos do café eram assados em gordura e comidos com açúcar. Foi apenas a partir do século XVI em diante, que surgiu a infusão dos grãos na região do Oriente Médio. Mais recente ainda é a utilização do café como fechamento de refeições, hábito tipicamente brasileiro repassado para o resto do mundo.  Para que o café possa se tornar a bebida que todos conhecem é necessário que passe por um processamento que lhe permita ficar seco, depois torrado e finalmente moído. Seu sabor final, diga-se de passagem, é definido pelo tempo de torragem. Além de ser encontrado em grãos e moído, o café

Cortinas fechadas

Entro no "mercedes com motorista" antes das 6 da manhã e aos poucos outros passageiros vão se acomodando nas cadeiras para que possamos partir. O destino é São Paulo. O coletivo vai quase sempre lotado. Não sobram cadeiras vazias. Os ponteiros do relógio indicam que, apesar de todos estarem rumando para o trabalho, ainda não se completaram as horas necessárias de descanso e, por conta disso, a maioria dos passageiros segue com as cortinas fechadas. Lá fora os quilômetros que separam o interior da capital paulista vão passando pelas janelas e poucos despertos se dão conta. A maioria dorme, esmagada pelo peso dos dias trabalhados e as viagens que se acumulam. E o pior é que nem há programa de milhagens. Para muitos daria para ganhar algumas voltas pelo mundo. Mas seria possível concretizar estas jornadas? Dentro do ônibus, as luzes apagadas, os corpos cansados, o sono leve ou pesado e as cortinas fechadas, nada se vê, apenas se viaja, inerte, rumo ao trabalho.

A queda de braço entre o bem e o mal

Penso que foi ontem Penso que é hoje Creio que será amanhã... O que? Não sei ao certo somente sei que será mas que terá que ser o bem o ético, o bom, o amor Quando olho para o mundo vejo dor e desilusão mas tenho esperança e fé força e convicção de que tudo pode ser melhor sempre Ainda que alguns digam que não Ainda que alguns nadem na direção contrária Mesmo que os erros pareçam maiores que os acertos Não há como desistir, desanimar ou entregar os pontos Não me derrubam os maus exemplos Me auxiliam e me estimulam as pessoas de bem Me fazem crer que o ontem, o hoje e o amanhã aconteceram dentro da queda de braço entre o bem e o mal Com o triunfo das forças daqueles que realizam o justo, o digno e o correto Por João Luís de Almeida Machado Membro da Academia Caçapavense de Letras

A Páscoa além do chocolate

O chocolate é o imperador que reina soberano na Páscoa neste 3º milênio. Coelhos ou crianças fantasiadas como este animalzinho simpático estão nas telas da televisão, anúncios de jornais e revistas ou na internet a vender os sabores diferenciados que ainda vem acompanhados de brindes imperdíveis. Muitas vezes os pequenos optam pelos brinquedos em detrimento do chocolate, como também o fazem com os lanches de fast-food, em que os brindes superam o interesse pelos sanduíches. O sentido maior da Páscoa, associado a ideia da ressurreição, da vitória da vida sobre a morte e, certamente, da capacidade de perdoar e entender estão sempre em segundo plano, senão pior... As lições associadas a esta data celebrada mundialmente pela cristandade vão muito além da pregação religiosa, suplantam as questões mais imediatas associadas ao catolicismo e tornam-se, na realidade, referências universais que devem (ou ao menos deveriam) orientar ações e caminhos a serem seguidos pela humanidade como

Um mundo sem professores

Começam testes com chip implantado no cérebro (Manchete do site Inovação Tecnológica, 03/02/2006) O ano é 2030. As pessoas não mais vão a escola. Tudo o que precisam saber é implantado em seus cérebros a partir de chips miniaturizados, como parte do conceito da nano-tecnologia, inseridos por seus ouvidos. O processo foi tão aperfeiçoado que nenhuma dor é sentida. Com o surgimento deste procedimento as escolas foram varridas do mapa. Ainda se houve falar delas em alguns lugares longínquos, em comunidades remotas. O que se sabe, ao certo, é que qualquer dado ou saber produzido pela humanidade ou percebido pelo contato com a natureza está disponível em  upgrades  que podem ser rapidamente descarregados no cérebro humano, por processos tão simples quanto um  download  de computador. Há, quando ainda somos crianças, um chip preparado de acordo com tal faixa etária, nos conformes daquilo que pensaram Piaget e Vigotsky, por exemplo, como saberes apropriados a tal momento da ev