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Mostrando postagens de março, 2011

No Moedor de Carne

Acem, Patinho, Alcatra, Filé Mignon ou Picanha, tanto faz se a carne passe pelo moedor. De 1ª ou de 3ª, ao ser triturada, moída, esfacelada, no final das contas é tudo carne moída. É claro que o sabor é diferente. Os especialistas em carne certamente hão de me achar um herege ao afirmar que depois de passar pelo triturador tudo fica igual no final. Se são mais macias certas partes do boi ou da vaca, se apresentam mais ou menos nervuras, se tem ou não capa de gordura, tudo se dilui e se apascenta, se incorpora se misturarmos, se transforma numa massa amorfa em que se destacam os tons vermelhos e brancos... E que alegoria nos é permitida quando pensamos que estas carnes podem ser entendidas como todos e cada um de nós a passar pelo moedor de carne que diariamente nos processa ou que pensamos processar no movimento intenso da vida.  E se fosse apenas intensidade até que seria pouco, talvez até bom, quem sabe mesmo proveitoso e saboroso, pois quem há de abrir mão de um amor intenso, de

Ser Autônomo, Ser Autômato...

"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda." (Cecília Meirelles) Sou livre... Sou livre? De fato ou ficção? O que significa ser livre? Autônomo ou Autômato? Penso ser um, mas posso ser o outro... Sou autônomo se faço, se realizo, Por livre e espontânea vontade, Ou se meus atos são frutos de minha compreensão Do ser na complexidade e multiplicidade do mundo? Sou autômato sem saber, Sendo anônimo em meio à massa, Na multidão tendo as respostas Que o mundo quer de mim Sem qualquer reflexão Sem qualquer inflexão... Quem sou eu? Pessoa ou número? Alguém ou ninguém? Realidade ou apenas possibilidade não concretizada? Autonomia é escolher os caminhos Ou escolher não trilhar qualquer caminho É agir ou não agir, Colocar a mão na massa Ou cruzar os braços, Concordar ou discordar, Falar de peito aberto Ou ouvir para buscar o outro Monotonia é o que acontece Se Autômatos formos A repetir cotidianamente Os movimentos,

Reflexões sobre o Ser: The Logical Song

Espelho, espelho meu... Quando eu era jovem, Parecia que a vida era tão maravilhosa, Um milagre, oh ela era tão bonita, mágica. E todos os pássaros nas árvores, Eles cantavam tão felizes, Alegres, brincalhões, me olhando. Mas aí eles me mandaram embora, Para me ensinar a ser sensato, Lógico, responsável, prático. E me mostraram um mundo Onde eu poderia ser dependente, Doente, intelectual, cínico. Tem vezes, quando todo mundo dorme, As questões correm profundas demais Para um homem tão simples. Por favor, me diga o que aprendemos Eu sei que soa absurdo, Mas por favor me diga quem eu sou. Eu digo: Agora cuidado com o que você diz, Ou eles estarão te chamando de radical, Liberal, fanático, criminoso Você não vai assinar seu nome, Gostaríamos de sentir que você é Aceitável, respeitável, aprensentável, um vegetal! À noite, quando todo mundo dorme, As questões correm tão profundas Para um homem tão simples. Por favor, me diga o que aprendemos Eu sei que soa absurdo, Mas por favor me di

Milhões de Minutos... Como você está usando o seu tempo?

(Fonte: Toda Mafalda, de Quino, Editora Martins Fontes) Já ouvi dizer que alguns dos maiores escultores de todos os tempos costumam falar que as obras que criaram já estão dentro dos monólitos de pedra por eles talhados. Coube a eles “apenas” enxergar o devir das referidas obras, ou seja, ter a necessária sensibilidade para perceber o que se escondia por detrás daquelas rochas ainda em estado sólido, bruto. Da mesma forma, quem escreve e exerce com maestria as artes da produção de textos - literários, técnicos, jornalísticos, científicos, filosóficos – vê, invariavelmente, a sua frente, uma folha de papel em branco, não preenchida e, aos poucos, vai consolidando suas mensagens, ideias, pesquisas, descrições, narrativas... Realizam-se em casos como o dos artistas plásticos e escritores o que chamamos de trabalho de composição, de elaboração, de criação. Especificamente no que se refere aos textos, por exemplo, vale lembrar que a palavra “texto” deriva de “tecido”, ou seja, relacion

Estou na Faculdade, e agora?

A batalha dos vestibulares foi vencida. Consegui chegar lá. Entrei num curso universitário. Posso comemorar à vontade. E agora? É hora da formação profissional. Do empenho em busca de solidez, qualidade e resultados que sejam compatíveis com o seu sonho. Vitórias somente serão possíveis se você encarar a faculdade com responsabilidade. Isso significa que terá que ser disciplinado, não apenas no sentido mais comumente associado as escolas e a educação em geral, ou seja, tendo um comportamento adequado em sala de aula, de respeito ao professor e aos colegas. Esta disciplina também se aplica aos estudos propriamente ditos. Participar da aula e não estar por lá apenas de corpo presente. Seus atos, ações, atitudes serão imprescindíveis para definir quem é você não apenas na sala de aula, mas também no mercado de trabalho. Se não leva a sério as leituras, aulas, trabalhos propostos como será encarado por seus professores e posteriormente pelos patrões potenciais? Se apenas burocraticamen

No Mundo da Frustração Zero

Há uma pedra no meio do caminho, já dizia o poeta, com toda a sua sabedoria. E esta pedra não está ali por acaso. Em nossas trilhas, abertas ao longo da aventura humana, estaremos sempre nos deparando com obstáculos, dificuldades, problemas, crises. Sejam de maior ou menor envergadura, é certo que a todos estão reservados momentos em que teremos que nos superar diante de adversidades. Quem nunca passou por isso que, literalmente, atire a primeira pedra... E no mundo de hoje, a frustração passou a ser vista, em especial do ponto de vista de muitos pais em relação a seus filhos, como praticamente inadmissível. Jogar mal no campeonato do clube, perder uma partida de tênis de mesa, não tirar 10 na redação da escola ou mesmo, em alguns casos, não poder agir do modo que quer por conta de algum impedimento (como por exemplo, estacionar o carro na vaga destina a idosos ou deficientes) está gerando entre algumas pessoas um stress desnecessário. A ideia que prevalece é a de que vivemos no Mun

Reunião de Família: Que delícia!

Nos reunimos no final de semana. Tudo foi muito rápido. De repente, na sexta-feira, a caminho das aulas da noite na faculdade, onde iria lecionar até quase onze horas, recebi ligação de minha irmã Flávia, perguntando se poderíamos recebê-los em nossa casa para um café de final de tarde, um bate-papo informal, gostoso, sem compromisso ou tema sério como mote. Estavam com saudades de nós e, é claro, também sentíamos a falta deles. Topei na hora e fiquei de ligar em seguida para casa e organizar com a família esta visita. Não se passaram nem 20 minutos e ela me ligou dizendo que também entrara em contato com nosso irmão caçula Pedro e com sua noiva Patrícia para que eles também viessem. Igualmente gostaram da ideia e aceitaram. Estou no meio do caminho entre as casas de todos os irmãos e, de repente, para nos encontrarmos no final de semana certamente minha casa seria um ponto estratégico. Falei com minha esposa Sheila e pedi a ela que ligasse também para nossa irmã mais velha. Enquanto

Dificuldades da Geração Z, Os Nativos Digitais

As maiores dificuldades desta Geração Z, nascida sob os auspícios das Tecnologias de Informação e Comunicação, tendo sempre por perto algum recurso digital e acesso a rede mundial de computadores, relaciona-se a questões muito importantes para a educação, como por exemplo, dar-se o tempo necessário e precioso para a reflexão, ter foco em relação aos temas estudados e materiais a serem lidos (tanto na internet e especialmente em livros e outros recursos impressos), concentrar-se durante as aulas e, mesmo, relacionar-se de forma mais presente no mundo real. Tudo isso, é certo, são contrapartidas aos ganhos obtidos com as tecnologias, como o acesso a um mundo de informações, a velocidade das redes que é cada vez maior e o próprio advento das redes sociais na web. É preciso encontrar um ponto de equilíbrio para que as vantagens percebidas com as tecnologias não ocasionem prejuízos como aqueles que foram citados. Necessitamos dosar melhor o tempo, não pensar na velocidade da internet como

Sobre os bons (ou ótimos) alunos...

O bom aluno é aquele que realiza, compõe, questiona, participa. O conhecimento e o estudo para estes bons alunos é sempre percebido como prazer, crescimento, valorização. Ser bom aluno significa ser parceiro, tanto dos demais colegas de sala quanto dos professores e outros colaboradores da escola. Bons alunos têm senso crítico aliado a capacidade de relacionar-se com os demais sabendo partilhar suas opiniões e ideias e ao mesmo tempo ouvir, entender, discordar ou concordar - tudo isso sem querer impor suas opiniões na marra, no grito. Muitas vezes nas escolas parecemos prestar mais atenção as crianças, adolescentes, jovens e adultos que, como alunos, têm maior dificuldade ou nos causam problemas durante as aulas. Tantas são as vezes em que admiramos estes bons alunos, por sua atitude, postura, compromisso e solidariedade mas que, por conta de todas as suas qualidades, deixamos de lhes dar mais de nós mesmos, considerando que talvez não precisem tanto quanto os demais. Valorizar os a

Rápidas Reflexões por um Mundo Melhor

Sonho com um mundo em que a ética seja mais que simplesmente uma palavra ou um conceito. Que seja um modo de vida, uma crença verdadeira e firme, um motivo pelo qual as pessoas seriam capazes de dar a sua vida, uma realidade consolidada em que não tenhamos que viver em falsete, para que as muitas farsas encenadas diariamente não nos tornem cínicos, hipócritas, falsos e amargos. Num mundo ético não teríamos que omitir, mentir, esconder nada... Espero que seja o sonho de tantas e tantas outras pessoas! Gosto de acreditar nisso para que as batalhas cotidianas tenham real sentido e nos motivem a buscar um mundo melhor para todos! "Corporações não tem corpo para prender nem alma para arder no fogo do inferno." [Do filme "The Corporation"] Agridem o meio-ambiente, exploram trabalhadores em países pobres, nos fazem comprar produtos que não queremos (sugestionados por seu marketing poderoso), nos levam a abdicar de nossos hábitos e costumes, nos levam a abrir mão de noss

O Professor Tutor

"O professor tutor é responsável por acompanhar de forma mais próxima um grupo de alunos (entre 8 e 11). Este professor realiza, prioritariamente, os contactos com os encarregados de educação e monitoriza de forma mais próxima o trabalho de cada um dos seus tutorados. Cada tutor reúne com os seus tutorados uma vez por semana, à quarta-feira de manhã. Os alunos e os encarregados de educação possuem um papel fundamental na 'escolha' do professor tutor. Tendo em conta que o professor tutor terá um contacto muito próximo com os dois é necessário que exista uma certa empatia entre todos." (Fonte: Site da Escola da Ponte, disponível no link www.escoladaponte.com.pt/html2/portug/projecto/instrume/proftuto.htm ) A tutoria em educação, a partir das ações pedagógicas desenvolvidas pela Escola da Ponte, importante referência em educação para escolas sócio-construtivistas e interacionistas, como descrito acima, prevê e preconiza que a este profissional cabe um acompanhamento mui

Tarefas Escolares: O que são? Para que servem? Como realizá-las?

Tarefas são atividades adicionais elaboradas pelos professores ou contidas nos materiais didáticos/paradidáticos utilizados pela escola que são encaminhadas para a resolução em momento posterior as aulas com o intuito de consolidar os conteúdos trabalhados pelos professores. Tarefas permitem aos alunos revisar conceitos, aprofundar os estudos, firmar o conhecimento acerca de fórmulas e conteúdos e, principalmente, fazer com que os alunos consolidem os saberes trabalhados em aulas para que os mesmos sejam efetivamente aprendidos. Para os professores as tarefas significam o prolongamento das ações realizadas em sala de aula com o intuito de firmar, consolidar e reforçar os conteúdos e saberes trabalhados durante a interação pedagógica no espaço escolar. É preciso que as tarefas sejam realizadas dentro de condições apropriadas, com horários pré-estabelecidos, dando-se o tempo necessário para a realização das mesmas, tendo ao alcance todos os materiais necessários para sua execução, em

Assembléias: Na Vida e na Escola, espaço para debate e crescimento

Os estudantes, através de suas representações estudantis como a UNE e a UBES, sempre se mostraram participativos, politizados e socialmente engajados as grandes causas e bandeiras em debate no Brasil, em especial nos anos 1960. As assembléias são tão antigas quanto a própria humanidade. Representam a busca do consenso, da unidade, da discussão e do debate. Foram se estabelecendo no encontro das pessoas que pensavam as várias questões pendentes dentro de suas comunidades. Tem justamente o espírito da comunhão celebrada pela humanidade nos momentos em que, apesar da diversidade e das diferenças que nos são tão peculiares e ainda que no calor do enfrentamento de ideias e opiniões, conjugamos verbos afins. Já dizia Voltaire que podemos até mesmo não concordar quanto a certas ideias, mas não há como furtar-se do dever, da responsabilidade e do compromisso de lutar pela livre expressão das diferentes formas de pensar. E é justamente no momento em que nos reunimos em torno dos dive