Tecnologias na educação são
indispensáveis. Não perca esta afirmação de vista, pois estarei ao longo deste
texto afirmando isso, mas ao mesmo tempo reforçando outro ponto, ou seja, a
ideia de que apesar disso, as tecnologias por si só não resolvem a vida de
professores e alunos.
Confuso?
Era isso mesmo que eu queria
fazer com você ao pontuar esta conclusão. Não se iluda se você, deslumbrado com
as tecnologias, pensar que estou ficando louco, ainda mais atuando na área de
tecnologia educacional há tantos anos, como estudioso e gestor de projetos
nesta seara.
O que estou afirmando é que, quem
consolidar o uso de tecnologias em sala de aula precisará de mais do que isso
para oferecer educação de qualidade para seus alunos. Não basta a tecnologia,
precisamos também dela, como ponto de apoio e ferramenta valiosa para nossas
ações e intercâmbio com os nativos digitais que temos hoje em nossas salas de
aula e que para sempre estarão conosco.
Eles estão conectados. Isso é
fato. Os professores e gestores das escolas também precisam estar ligados na
rede mundial de computadores, o que é igualmente fato. A diferença é que a
escola tem que oferecer mais, um universo além do virtual, onde tenhamos salas
de aula que simulam tanto no plano virtual quanto no presencial a realidade,
mesclando aulas on-line com debates, leituras, laboratórios, ações além dos
muros da escola, contato com instituições e pessoas qualificadas,
desenvolvimento de projetos, aulas expositivas (palestras), workshops...
O aluno que dominar a tecnologia
será mais um, num mundo conectado como aquele em que vivemos, a estar de acordo
com o que se espera dele, nada além disso. O que para muitos parece ser a
definição da existência no terceiro milênio é um elemento básico. A diferença
vai residir naqueles que conseguirem se desenvolver além desta fronteira
básica, tendo condição plena de interagir, resolver problemas, trabalhar em
equipe, ter iniciativa, conhecer o mundo físico ao seu redor, trabalhar de
forma criativa.
Não estou aqui reinventando a
roda. Todos sabemos que a linha de produção de Henry Ford, com o tempo
controlado rigidamente no modelo Taylorista está sendo superada pois o processo
de produção industrial cada vez mais será mecanizado, informatizado e
operacionalizado por meio de robôs. Aos homens caberá o controle deste sistema
no comando de computadores e redes. A questão é que, de certo modo, talvez até
com maior controle e rigidez que antes, pelos sistemas os seres humanos também
estarão ligados a “linhas de produção” digitais, como de fato já estão.
As telas dominam o mundo e
orientam as ações. Submeter-se a elas é caminho natural. A autonomia, por outro
lado, ainda que estejamos diante de telas, computadores, sistemas e outros
recursos dos quais ninguém irá escapar, é a de que tenhamos consciência do
sistema como um todo, atuando de forma crítica e racional dentro dele, mas que
ao mesmo tempo estejamos fora desta realidade forjada, virtual, interagindo no
mundo real.
Neste sentido, a escola tem papel
de suma importância pois deve ser o local, amparado pela família, demais
instituições e governos a representar o estado, onde a autonomia será
trabalhada entre as novas gerações. Escolas com computadores sim, mas também
com livros, espaços amplos para o convívio, áreas de estudo e debate, núcleos
de integração entre escola e empresas, ações de intercâmbio no mundo real para
professores e alunos, laboratórios sociais e científicos, atividades de
integração social, incursões no meio-ambiente e outras práticas são de
essencial importância. Somente assim, nesta plenitude, teremos uma escola que
há de cumprir o que dela se espera.
Por João Luís de Almeida Machado
Comentários
Postar um comentário