Pular para o conteúdo principal

Vestibular, ENEM e os caminhos para a Universidade


Quando o caminho é aparentemente mais importante que o destino final? A princípio, conforme muitos sábios apregoam, é importantíssimo sorver todas as experiências que se colocam a nossa frente na caminhada que empreendemos em nossas vidas. Destinos finais não existem de fato. Há paradas temporárias, metas importantes dentro de determinados momentos de nossas vidas, objetivos que queremos atingir. Pode ser na vida pessoal quando, por exemplo, estamos planejando uma viagem, preparando o casamento, esperando um filho chegar; Acontece também no campo profissional, em que, tantas vezes, temos projetos em andamento, vendas para fechar, novos contratos para celebrar, produtos em fase de testagem e lançamento, clientes em prospecção...

Quando estamos estudando também há etapas a cumprir. Começa bem cedo, ainda na Educação Infantil e se prolonga até o final da Educação Básica, com o término de cada etapa, a conclusão dos estudos, a celebração das formaturas.

No Ensino Médio não é diferente, mas há um adendo: a busca por uma vaga numa universidade qualificada.

O processo, como todos sabem, ocorre por meio de exames de admissão, conhecidos há décadas no país, desde os anos 1970 para ser mais exato, quando surgiram os primeiros vestibulares. Mais recentemente, políticas governamentais criaram o Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM, como é mais conhecido, com o intuito inicial de avaliar a qualidade dos cursos que formam alunos brasileiros neste segmento educacional específico, o Ensino Médio. Este exame cresceu e se tornou a porta de entrada para universidades públicas espalhadas por todo o país. Em 2014 teve 9,5 milhões de inscritos para participar das provas em todos os estados brasileiros, numa megaoperação que começa com a elaboração das provas, utiliza em seu processo de avaliação o TRI (Teoria de Resposta ao Item), que moderniza o processo ao utilizar fórmula que aumenta o peso das questões mais difíceis e, deste modo, valoriza o trabalho dos estudantes que melhor se prepararam para o exame.

De qualquer modo, o que cabe neste artigo é perceber que, para ingressar nos melhores cursos e instituições universitárias do Brasil a concorrência é pesada e valoriza-se, cada vez mais, o estudo regular, a participação em aula, a realização de séries de exercícios, o uso de tecnologias como ponto de apoio para os estudos (como por exemplo, o acesso aos vídeos do YouTube Edu), a busca por apoio (presencial ou virtual) com professores e tutores, materiais de estudo de alta qualidade...

Foco, responsabilidade, assiduidade, comprometimento, garra, disposição e outras palavras de ordem fazem parte do processo de formação no final do Ensino Médio e também nos cursos pré-vestibulares que existem no país. Não são apenas motes, não constituem somente um jeito de estimular os alunos. São na realidade, como bem sabem muitos vestibulandos, elementos fundamentais para se atingir o resultado final, ou seja, para ser aprovado no ENEM ou em algum vestibular de ponta, como a Unicamp, a Fuvest ou a Unesp, por exemplo.

Estudar de forma organizada, regular, buscando nas aulas entender os conceitos e nos plantões tirar as dúvidas surgidas na resolução de dezenas de exercícios, com horas alocadas e certas para toda esta atuação é o que, de fato, leva a uma aprovação. Não há outra receita senão trabalho pesado que, certamente, para os que estudaram com afinco nos primeiros anos do Ensino Médio e ao longo do Ensino Fundamental, fica um pouco mais fácil. Para quem vem com formação deficiente, principalmente em matemática e língua portuguesa, além de todo o conteúdo a ser trabalhado para os exames, há ainda as defasagens a serem superadas e que dificultam, quando não comprometem mesmo, a compreensão de conteúdos em todas as áreas do conhecimento.

Mas, como atestam os especialistas no assunto, todo este esforço precisa ser complementado com leitura de jornais, revistas, sites informativos. Estar antenado, ou seja, ligado em atualidades e igualmente importante. Assistir filmes que possam colaborar com diferentes temas trabalhados nos vestibulares, ter vida cultural diversificada (ir a museus, exposições, shows, teatro), ler livros fora dos temas e assuntos por prazer e em busca de informação... Tudo isso ajuda e muito!

É um período duro, difícil, pesado, de muito estudo.

O estudante precisa balancear suas ações. Neste sentido é importante se alimentar bem, praticar atividades físicas regulares, tomar muita água, ter momentos de lazer durante a semana, rir e se divertir com os amigos.

A preparação intensa precisa da contrapartida da vida social, do entretenimento, do esporte, da cultura, da fé e de tudo aquilo que ajude o aluno a mental e psicologicamente estar apto a enfrentar as provas. É claro que o olhar e a ação estarão direcionados principalmente para a formação e o preparo quanto ao conteúdo das provas, mas numa proporção realista, o aluno deve dedicar entre 60 e 70% de seu tempo aos estudos e o restante as outras atividades.

Faça a conta, é muito simples pensar este percentual, basta lembrar que, em média, um adulto, profissional atuando no mercado, está ativo em seu trabalho por cerca de 8 a 10 horas por dia e que, depois disso, tem entre 2 a 3 horas para si mesmo, que por conta de suas outras atribuições, relacionadas a família, a casa, a sua alimentação, acabam legando a ele escasso, mas valioso e imprescindível tempo para seu lazer, atividade física, interação social...

De qualquer modo, retornando ao início deste texto, quando falávamos sobre a questão do caminho e do destino final, ao pensarmos na formação como caminho e na travessia, pelos vestibulares, igualmente como um trecho deste caminho, por vezes supervalorizado (muitas!), e na universidade como linha de chegada, percebemos que tal jornada tem que ser dosada, para que apesar do trabalho árduo que ela exige, o ônus não seja tão pesado que esmague quem tanto trabalha. Deste modo, será possível chegar aos exames se sentindo bem, seguro, sem o stress que tantas vezes abala a confiança e mina a chance de sucesso nas provas, percebendo a riqueza do caminho percorrido em todos os seus aspectos e permitindo que tudo o que virá pela frente seja enfrentado de cabeça erguida, com muita força e real chance de sucesso.


Por João Luís de Almeida Machado

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O mito da perfeição

(NARCISO, obra de Caravaggio, Galleria Nazionale d'Arte Antica em Roma) O erro zero, a pessoa infalível, o funcionário ideal, a beleza intocável, a perfeição em forma de gente. Você conhece alguém assim? É pouco provável que a resposta seja afirmativa. Temos uma tendência a buscar até mesmo nas pessoas mais corretas e zelosas do mundo os seus pontos falhos. E normalmente os achamos. Ainda assim há aqueles que tentam a todo o custo atingir um nível tão elevado de acertos que consiga se situar próximo da perfeição. Numa sociedade como a nossa, em que a produtividade é uma meta permanente, o índice de erros tem que ser o menor possível, de preferência, que seja zero. A tolerância das pessoas em relação a qualquer movimento que não seja aquele da eficácia total tende a ser igualmente zero. Com isso criamos situações de intolerância e de desgaste nas relações humanas.  O nível de cobrança passa a ser muito alto. As pessoas começam então a se cobrar, elas próprias, de forma intensa, qu

Dicas valiosas e atualizadas para o vestibular? Fovest da Folha de São Paulo é site aprovado!

Uma das maiores dificuldades pelas quais passavam os vestibulandos era a falta de informações ou o atraso na publicação das mesmas. Com o surgimento da rede mundial de computadores e a sua rapidíssima disseminação em nosso país, vários sites especializados surgiram e permitiram que inscrições, datas de publicação dos aprovados, listas dos estudantes que passaram, simulados on-line, informações sobre as universidades e seus cursos pudessem ser acessadas a qualquer momento, de qualquer lugar do Brasil. Entre muitos sites, no entanto, um grande destaque deve ser dado as páginas criadas e mantidas pelos grandes veículos de comunicação, como por exemplo, a Folha de São Paulo, em sua versão eletrônica (folhaonline), que disponibiliza o site fovestonline ( http://www.uol.com.br/folha/fovest ). A grande vantagem de grupos como a Folha está relacionada a existência de um grande número de profissionais para realizar a cobertura dos vestibulares e a confecção de artigos que orientem os candidatos

O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford (The assassination of Jesse James by the coward Robert Ford, EUA/2007)

Um espetáculo cinematográfico de primeiríssima grandeza. Este é o primeiro veredito que posso dar para a obra do diretor Andrew Dominik e estrelado pelo astro Brad Pitt, em uma de suas melhores atuações. Não é um filme para qualquer público. É um pouco lento para aqueles que procuram um western movimentado, atribulado, com muitos tiros, assaltos e confrontos entre os fora da lei e os xerifes. Na realidade, não é um filme apenas para os fãs do gênero faroeste. Vai além por trabalhar aspectos da própria condição humana. Expõe de forma clara e envolvente o mito Jesse James (Brad Pitt) em minúcias de sua vida que passam ao largo daqueles que conhecem sua trajetória como um dos mais temidos bandidos de então. Acompanhamos os irmãos James, nesse momento de sua história apenas Jesse e Frank (Sam Shepard), já que os demais haviam sido presos ou mortos, em sua última ação conjunta, o assalto a um trem. Nesta nova e derradeira empreitada conjunta eles contam com a ajuda de alguns marginais que p